Fernando Azevedo e Silva anuncia que vai deixar o Ministério da Defesa
- Oxente PB
- 29 de mar. de 2021
- 3 min de leitura
General era um dos mais antigos ministros do Governo Bolsonaro. Os motivos da saída não foram esclarecidos, e ainda não se sabe quem será seu sucessor.

Foto: Reprodução / Internet
O general da reserva do Exército Fernando Azevedo e Silva anunciou nesta segunda-feira que irá deixar o comando do Ministério da Defesa. Sem informar os motivos da decisão, o militar divulgou uma nota agradecendo a confiança do presidente Jair Bolsonaro, e afirmou estar saindo “na certeza da missão cumprida”.
Esta foi a segunda baixa dentro do primeiro escalão do Governo no mesmo dia: horas antes foi anunciado que o chanceler Ernesto Araújo deixaria o cargo, após forte pressão por parte de senadores e deputados do Centrão. Azevedo foi um dos ministros mais antigos de Bolsonaro, anunciado pouco após a eleição de 2018, momento em que passou à reserva. Na nota de despedida, o general afirma que no período em que esteve à frente da pasta preservou “as Forças Armadas como instituições de Estado”. Até o momento não foi divulgado o nome de seu substituto.
A gestão de Azevedo à frente do ministério foi marcada por uma série de declarações inconstitucionais do presidente, que mais de uma vez insinuou a necessidade da intervenção dos militares para garantir a governabilidade. Bolsonaro chegou a participar pessoalmente de um ato antidemocrático em frente ao quartel-general do Exército em Brasília em abril de 2020, quando a pandemia já ganhava força no país.
Após o episódio, o general foi cobrado pelo ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, a dar uma explicação sobre o ocorrido (antes de chefiar a Defesa, Azevedo foi assessor do magistrado na corte). Ele se manifestou por nota com um tom legalista, afirmando que o papel das Forças Armadas é “manter a paz e a estabilidade do país, sempre obedientes à Constituição Federal”, e que o momento requeria uma “adaptação das capacidades das FA para combater um inimigo comum a todos: o coronavírus e suas consequências sociais. É isso o que estamos fazendo”.
Apesar do tom conciliatório da nota, um mês depois, em maio do ano passado, Azevedo participou ao lado do presidente de um sobrevoo de helicóptero sobre outro ato antidemocrático em Brasília. O ministério alegou que o general acompanhou Bolsonaro “para checar as condições de segurança” na Esplanada dos Ministérios.
Segundo o jornal O Estado de São Paulo, a saída de Azevedo teria sido uma retaliação de Bolsonaro a uma entrevista do general Paulo Sérgio, responsável pela área de saúde do Exército, ao jornal O Estado de Minas e ao Correio Braziliense, na qual ele defende o lockdown e aponta para a possibilidade de uma terceira onda da covid-19 no Brasil. O teor das falas teria incomodado o mandatário —crítico de primeira hora de qualquer forma de restrição como ferramenta para frear os efeitos da pandemia— e consequentemente colocado pressão no ministro.
De tom moderado, Azevedo chegou a dar declarações que contrariavam a prática agressiva do Planalto. Quando simpatizantes do presidente insuflados por ele começaram a agredir e ameaçar jornalistas que cobriam as atividades do mandatário na saída do Palácio do Alvorada, o general criticou a violência contra a imprensa: “A liberdade de expressão é requisito fundamental de um País democrático (...) qualquer agressão a profissionais de imprensa é inaceitável”.
Apesar de ter ingressado no Governo Bolsonaro já em 2018, o histórico político de Azevedo é mais antigo. Ele assumiu o cargo de presidente da Autoridade Pública Olímpica em 2013, durante o mandato da então presidenta Dilma Rousseff, e antes disso foi ajudante de ordens do ex-presidente Fernando Collor de Mello.
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