Vale a pena trocar um ambiente natural por empreendimentos que trazem “progresso" ?
- Oxente PB
- 26 de mar. de 2021
- 2 min de leitura

Foto: Josefina Moraes Arrau
As obras, os empreendimentos geram riqueza e oportunidades. Eis o que nos habituamos a ouvir tantas e repetidas vezes. Porém, se você respira, se alimenta, bebe água, utiliza ou já utilizou medicamentos, já deve ter-se dado conta que os destinos dos seres que habitam este planeta estão interligados. Mesmo que essa percepção já o tenha visitado, ela é ainda superficial, pois a sociedade que compartilhamos está organizada para mascarar a nossa interdependência com a natureza, o nosso pertencimento a essa grande teia que é a vida.
Os alimentos, os medicamentos, até a água muitas vezes nos chegam processados. Apenas o ar respiramos livremente, aqueles com a sorte de sobreviver em meio a esta Pandemia, pois há hoje os que cotidianamente sentem a angústia da falta do ar nos pulmões.
Quando nos vemos trancafiados em casa, entre paredes, ansiosamente sorvendo a luz e a brisa que nos chegam por entre molduras de janelas, temos a oportunidade ímpar de refletir sobre o valor do ar em livre trânsito, despoluído, portador dos sons do seu trajeto e dos aromas de vida.
Podemos desejar o sol sobre a pele, com a opção de buscar na vegetação alguma sombra, ou de desafiar a agilidade das pernas na escalada de alguma rocha, tendo como prêmio a apreciação de enorme vista desimpedida, oferecendo variedade de tons, surpresas de forma e cor de flores, caules, folhas. Se nos imaginamos a explorar uma trilha, observar pássaros, conhecer novas plantas, encher os pulmões de ar puro, podemos chegar à constatação com tanto esforço de nós escondida: a nossa felicidade não gera Produto Interno Bruto, mas a destruição sim!
Sim, sim, sim, há lucros na destruição da natureza! Porém são lucros financeiros, que se exaurem e precisam sempre ser coletados novamente, à custa de mais destruição. Além disto, são para pequenos grupos. Já as perdas do ambiente natural, essas são amplamente compartilhadas por um grande número de pessoas e de outros seres, das gerações atual e vindouras, sem sequer poderem ser divididas, pois todos perdemos integralmente incríveis oportunidades de deleite com a vida. Por isto, a destruição de ambientes naturais custa-nos boa parte do nosso quinhão de dignidade nesta existência.
Profa. Dra Josefina Moraes Arraut
Professora Adjunto da Unidade Acadêmica de Ciências Atmosféricas. Universidade Federal de Campina Grande
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